sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Do que me faz falta


Esses dias me perguntaram se eu sentia falta de alguma coisa, se eu estava suficientemente feliz a ponto de não olhar pra trás. Foi quando meu telefone soou o alarme de uma mensagem sua. E eu jamais poderia deixar de olhar pra trás e não sentir falta das melhores coisas do mundo. Dos sábados que a gente fica em casa falando bobagens com qualquer coisa pra comer e ouvindo aquelas músicas que a gente gosta. Músicas que falam na alma. E a gente se espalha no tapete da sala, você pega o violão e a gente começa a fazer um som meio fora de tom e sem nenhum tipo de equilíbrio, que dirá uma lógica emocional que faça sentido. É quando eu mais gosto de mim: Descalça e de cabelo desgrenhado sem uma pose pra manter. Acho até graça dessa sua mania de perguntar se eu penteei o cabelo. Quando somos eu e você, é permitido liberar o agudo máximo da minha gargalhada que você até gosta. E a cumplicidade de um olhar que me da forças pra subir num skate, mesmo que depois eu morra de dor de barriga e você fique brincando de fazer chá e de repetir a palavra longboard toda vez que eu falo skate. A propósito, é quando você é mais irritante. Sinto falta daquelas tardes de domingo que você ligava preocupado com a prova e eu corria pra sua casa te ajudar a fazer um estudo dirigido de direito tributário. Até hoje eu não sei se era a minha presença que te fazia bem ou se o seu desespero era realmente muito grande. Porque apesar da minha boa vontade em ajudar, eu cursava fisioterapia. E por incrível que pareça, sinto fala de você me ligando insistentemente quase que ainda de madrugada em um feriado qualquer pra me acordar pra um passeio doido que você inventava. Tudo bem que você me recompensava deixando eu ir todo o caminho cantando alto e (sem querer) estragando a sua música preferida. Sinto falta de você gritando pra eu frear nos passeios de bicicleta achando que eu iria matar as pessoas na ciclovia. Aliás, não sei por que você fazia tanto escândalo. Acho que pedalava de forma tão tranquila. Sinto falta de você perguntando se eu tinha certeza que não queria ir pra Londres com você, mesmo sabendo que a questão não era simplesmente querer. Sinto falta alguém que me olhe sem um tom de avaliação. Isso me irrita nas pessoas. Sinto falta de jogar vídeo game e ganhar. Acho que você era mesmo muito ruim nisso. Sinto falta de me sentir meio idiota por abraçar uma árvore porque você dizia que dava energia positiva. Sinto falta de imitar a Shakira e você mesmo que gargalhando, dizer que era igualzinho. Sinto falta de criar teorias para as suas crises amorosas e você concordar com todas elas. Sinto falta da afinidade desinteressada. Sinto falta de você. E se eu tivesse que escrever um livro de tudo que já vivemos, o título seria Obrigado.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A dificuldade de cada não que não precisa ser dito


É esse jeito todo lindo e louco de me surpreender, essa novidade cotidiana que carrega em todas as coisas que faz, esses olhos pequenos carregados de intensidade e o riso frouxo que me faz sorrir. Do seu lado é mais fácil ser tudo que eu quis. E não importariam todas as outras coisas, sei que seria feliz. Acontece que existe um confronto. E ele me diz que nem todas as minhas vontades eu devo seguir. E o ruído da sua guitarra me faz tremer de medo. A leve rouquidão da sua voz me faz gelar. E as duas coisas juntas ao som de I Won't Give Up eleva tudo na potência de dez. Você sabe as notas certas pra me desarmar. É uma das coisas mais lindas e covardes do mundo. Se você soubesse, muito provavelmente faria pior. Mas só Deus sabe a luta que é. Ele sabe e é por isso que ainda estou aqui. E se eu tivesse que dizer, certamente não estaria preparada pra uma decisão leve e confortável. Por isso eu fico em silêncio, esperando o mesmo milagre que me faz ficar todas as vezes que nas entrelinhas me pede pra te acompanhar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Uma questão de Fé e Limites


Apenas um olhar perdido nos pensamentos, apenas uma voz difícil de ouvir. E tudo que me trouxe até aqui não tem a mesma força que me fez sair da zona de conforto. E buscar qual o limite faz daquilo em que se acredita inabalável, por questionar até que ponto é uma questão de fé se manter ou de simplesmente mudar os planos te causa um conflito interno. Porque saber o que te moveu até uma determinada situação é fácil. Difícil é ter certeza que foi a melhor decisão quando você olha para os lados e não se reconhece. A cidade gira e você continua olhando. Parado, como se estivesse fora de esquadro. Até que ponto se sentir tentado por saber que certas angústias são desnecessárias por existir um caminho mais simples faz da sua fé miserável? Até que ponto meus conflitos são resultados das minhas escolhas? E deixando a hipocrisia de lado, até que ponto querer sofrer menos é pecado? Porque tem dias que escolher entre um coração sereno e uma mente sã é um grande dilema. E que Deus me perdoe se isso for falta de confiança. Mas até que ponto o caminho mais difícil é a vontade de Deus? São perguntas de respostas mudas. Daquelas que você ganha um olhar cheio de reticências deitado num divã fofinho, mas com clima desconcertante que te faz querer sair correndo, mas pensa que talvez não seria uma boa ideia. E volta a falar. Hoje não tem divã. Tem azia pós almoço, sol no rosto, uma leve brisa, barquinhos na água e corpo estirado no píer. E pego no sono. Meia hora depois desperto no susto, dou risada de mim e me classifico como a Rainha do dramalhão. Pelo menos até a próxima crise. Porque até que ponto suas angústias são frutos de drama e até que ponto fazem parte de uma dificuldade real?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

À milésima vista


Prefiro amores às milésimas vistas. Assim, das superficialidades rasas de olhares fraudados me protejo. Quero a intimidade progressiva para que as entregas sem sentido não me façam perder o caminho. Quero a procura sincera de quem se preocupa porque tem amor. Quero a espontaneidade sem restrições para que a verdade seja expressada sem culpa. Quero olho no olho sem desvios para que o silêncio possa ter voz. E não mais me constranger diante de uma lágrima de emoção feliz. Que eu me alegre na certeza que isso é o que fará sorrir. Entretanto, que ainda me reste a cautela da desconfiança pra discernir. Porque nem toda beleza é o que de fato se tem de belo. Quero enxergar além das minhas vontades. Quantas vezes mais iremos nos deixar enganar por aquilo que nos parece
bonitinho? Sim, nos deixar enganar mesmo. É totalmente nossa essa responsabilidade. Porque por mais ardiloso que alguém possa ser, ninguém é tão bom em revelar o que for de sua própria vontade quanto nossos próprios olhos. Quero revelação em cada olhar, palavras desmedidas e sentimentos genuínos. E talvez só à milésima vista isso seja mais fácil de ser alcançado.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O tempo e a sua medida


Por todas as tentativas vãs de expressar o que não era do agrado, por todas as palavras ditas sem pesar o quanto agressivas eram, por todas as atitudes precipitada sem pensar em consequências, por todas as negligências causadas pela ansiedade, por todo medo que o medo de perder tempo com o tempo que a gente gasta com o outro nos torna seres rasos. Porque desde que "time is money" a gente esqueceu que tempo é amor. E toda preguiça de ao menos tentar expressar, todo silêncio que até mesmo a raiva calou, toda passividade que a indiferença deixou, toda serenidade que tem origem apática. E toda morte que a gente morre pra alguém por não ter mais tempo pra perder tempo com essa pessoa faz nós seres cada vez mais vazios. Porque até mesmo na ira ainda resta amor. Mas no ato de abrir mão de alguém nada mais se tem.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Daquilo que nos une


Eu queria poder segurar a sua mão todas as vezes que você sentir medo, queria ser o seu escudo contra qualquer coisa que lhe tirasse a alegria e também a munição necessária pra o que for inimigo. Eu te conheço, muito além do que você se mostra. E sei que por trás de tudo isso, tem alguma coisa que te incomoda. Eu só queria poder evitar aqueles seus erros ridículos, aqueles que você certamente vai cometer porque envolve coisas da sua essência, das suas fragilidades. Porque eu te conheço. E tem horas que eu tenho vontade de puxar a sua orelha e te colocar sentado na cadeirinha do pensamento pra refletir sobre as besteiras que faz. Mas antes mesmo do sermão acabar, você me arranca um sorriso cúmplice. E então me faz entender que tem coisas que não adianta a gente falar, cada um tem o seu erro persistente. E o que nos une são as nossas diferenças. A sua maneira irreverente encontrando a minha caretice. Costumo dizer que você faz parte dos amores improváveis que a vida me deu. Mas aquele amor que deu certo. Porque eu sou capaz de te amar até alcoolizado, quando você é incapaz de concluir uma história com tanto excesso de detalhes. Sobra amor pra te amar até quando você não me deixa falar as verdades que precisa ouvir e também quando finge que não as ouve. Uma espécie diferente de anjo. Salva carnaval, transforma tristeza em alegria e ainda faz freelancer de cupido tentando me arrumar um amor a qualquer custo. E ninguém cumpre esse papel com o maior empenho e dedicação. E de uma hora pra outra os príncipes que você me arranja viram sapos. Você me conhece. E eu consigo ler seu pensamento dizer que não era pra eu ter mergulhado tão fundo e percebo a sua vontade me pegar pelo braço e me sacudir pra ver se eu aprendo de uma vez por todas. Porque você me conhece, muito além do que deveria. E sabe exatamente das coisas que me afligem sem que eu diga uma palavra. E mesmo sabendo que não importam os caminhos que a gente siga, que o que é de verdade fica, o que eu queria mesmo era poder estar do seu lado a cada pôr do sol só pra garantir que no seu dia teria um minuto bom pra que o seguinte pudesse nascer feliz.

terça-feira, 2 de julho de 2013

A maior magia que existe


Você espera a vida inteira por um pedido de casamento mágico, daqueles dos contos de príncipes e princesas, num jantar romântico ou em uma ocasião especial. Só que a vida te traz um homem real, nada cavalo branco, no máximo com uma prancha de surf embaixo do braço. Era óbvio que o pedido de casamento não seria do tipo convencional. E não foi. E eu deveria ter previsto. Qual ser nesse mundo pede uma pessoa em casamento dentro do mar? E era um mar agitado. Lógico que a próxima onda me derrubou, levei um caixote forte o bastante pra engolir quantidade de água suficiente para não conseguir dizer o sim. E depois de salva, uma crise de riso de dez minutos. Estive pensando que se nada foi tradicional, porque os votos do casamento deveriam ser? E quem mais divinamente sublime pra nos testemunhar se não o Sol? Porque todas as manhãs quero poder acordar e te jurar tudo outra vez. Que eu te aceito como companheiro de vida com todo seu amor e também com suas falhas e esquisitices, porque qualquer mudança também tornaria o amor e a admiração que sinto diferentes. Que eu quero estar ao seu lado até mesmo nas adversidades, porque nada pode ser maior se juntos estivermos. Que eu secaria um mar inteiro de lágrimas se isso lhe trouxesse de volta o sorriso. E que eu não buscaria fantasias fora do nosso mundo. Porque depois de tanto buscar príncipes, encontrar um homem real é a maior magia que existe.