sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Verbo querer

Porque com o tempo a gente entende que não sabe o que quer, o que pede. Que até os desejos mais intrínsecos podem se transformar em verdadeiros pesadelos. E brincar de bem me quer pode ser tão perigoso como roleta russa, e escolhas podem ser tão frustrantes como pote de sorvete no congelador. Então, a gente descobre que deixar a vida se exercer, o destino se cumprir realça as surpresas boas que a vida oferece. No fundo, ninguém sabe o que é de fato melhor pra si. Só o que a alma sente com o peso de uma escolha.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Onde mora o perigo

De repente, vem o tédio me assombrar com aquela sensação de vazio. Um buraco tão grande que é impossível determinar em que ponto a solidão reside. Um celular na mão é o bastante pra qualquer mulher conhecer a linha quase imperceptível que separa o sorriso de uma lágrima. Reler mensagens antigas até que pode ser um passatempo divertido, mas pra dar fim ao tédio, só tateando os nomes da agenda. E é exatamente aí que mora o perigo. É que toda vez que isso acontece, o que fica são apenas o que sobra das besteiras que eu faço. Um jogo de palavras provocativas é o caminho sem volta. E não adianta, sempre vai ter aquele com quem cada palavra pronunciada tenha efeito "contorcionismo de bexiga". E sim, esse cara é você. Começo na mensagem de texto e não demora muito já está do meu lado com aquele sorriso no canto da boca, os olhos ardentes e respiração ofegante. Então, já não faço ideia do que seja o significado de tédio. Fico com esse sorriso besta estampado numa cara ridícula de tanta babação. E você vem com a pergunta que eu nunca sei responder: "O que foi?" Acaricio seu nariz e beijo sua boca. Porque eu sou boa mesmo é com as palavras escritas. Tanta coisa que queria ter dito, mas você aqui na minha frente, deitado na minha cama me paralisa de tal maneira que expresso um leve sorriso achando ser a pessoa mais expressiva que há. E no dia seguinte, me resta fazer o que melhor sei: Mando aquela mensagem de texto que só eu saberia elaborar pro seu telefone.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Necessidades ocultas

É complicado, mas apesar de apreciar o equilíbrio de uma vida estável e tranquila, preciso de algumas coisas que fogem completamente do que se pode chamar de equilibrado. São necessidades ocultas que nem eu sei ao certo como definí-las. É que pra mim, não basta um relacionamento adequado aos padrões. Isso é só o que fica bonito de se ver para quem está de fora. Eu preciso é de arrepios a cada toque, de um sorriso ridículo a cada demonstração de afeto, de olhos brilhantes a cada atitude admirável e de borboletas no estômago a cada encontro. Gosto de gente inteligente, que me faça rir, e pode até ter um humôr com um toque de sarcasmo que eu acho interessante. Só não dá pra ter uma inteligência tão apurada a ponto de ficar desafiando a capacidade alheia de se manter longe de contradições o tempo todo. Isso cansa muito. E além disso, todo mundo é um pouco contraditório. Não gosto de ter que ficar policiando as palavras. Isso prende e eu aprecio estar solta e a vontade. Sou consciente do meu jeito um tanto diferente. Gosto das coisas que muita gente não gosta e tenho aversão às coisas que muita gente daria tudo pra ter. Sim, é verdade que num sábado a noite eu prefiro estar quietinha no aconchego da minha casa, lendo um livro, ouvindo uma música tranquila. E se for o caso de ter uma comanhia, que seja quem possa dividir uma paixão.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Profunda insanidade

Não me venha com essa voz mansa cheia de armadilhas pra me ganhar, não me tente com propostas que você sabe que eu jamais recusaria e nem aponte os meus erros dos quais é consciente das justificativas. É cansativo o seu silêncio, sua incapacidade de dizer que quer um tempo sem a minha presença e sua mania de simplesmente desaparecer. E basta ter qualquer vestígio de romance na minha vida que você volta exigindo tudo o que é seu por direito. Chega a ser engraçado ouvir uma coisa dessa. Fico pensando o que você pretende com isso. Talvez seria seu direito de me envolver e me descartar com tamanha facilidade que eu mal percebo o quanto envolvida me encontro e já me vejo no seu abandono. Engana-se caso pense que eu tenho a pretenção de ter algo além daquilo que nos cabe. Talvez eu até tenha tido bem lá no início, mas logo ficou notável a impossibilidade. Eu não vou mudar você, nunca quis isso. Vai ver é esse seu desprendimento que me prende. Não dá pra saber aquilo que sustenta nosso encanto por alguém. Te moldar seria muito arriscado e você sabe do apego à segurança. E ainda assim, mesmo sabendo que segurança é algo que não tenho no seu colo, tem horas que é nele que eu preciso deitar. Seu colo com cheirinho amadeirado com toque de fruta que me faz enlouquecer. Pouco me importa que tenha outras paixões. É que eu conheço sua necessidade de conquistar e a fragilidade das suas promessas. Entretanto, sinto amanhecer dentro de mim cada vez que meu telefone toca com o seu nome na identificação da chamada. E mesmo que eu me cale num longo silêncio ou minhas palavras sejam curtas de raiva, minhas pernas tremem de emoção. Porque certamente você vai dizer que sente saudade, que não entende que desejo é esse que tem por mim e que não pode ficar muito tempo longe de mim. Juro que muitas vezes prometi tirar você da minha vida, mas não tem como. Você me faz exercitar os músculos abdominais da maneira mais gostosa: gargalhando. E aquele que me leva para as trevas é também quem me tráz o Sol. Talvez por isso, quando se trata de você, tenho alma de cigana. Não há raízes que me prenda se a sua estrada não cruza o meu caminho. Mudo de sonhos, deixo o que for pra trás para seguir seus passos. E você me olha como se isso fosse normal. Mas fique certo que no mínimo trata-se de uma profunda insanidade essa capacidade que eu tenho de me reinventar toda vez que você decide mudar. Eu queria tomar um banho e que água e sabão fossem capazes de limpar seus rastros em mim. Mas a verdade é que ninguém limpa uma história, um passado, um erro, um pecado. E as marcas dessa insensata paixão eu vou carregar. Porque nos meus ombros pesa o fardo ter alguém do lado por vaidade, quando para outro isso custa a felicidade.

domingo, 30 de setembro de 2012

Retratos

Mandei você embora numa típica cena de cinema. Na ânsia de que tudo acabasse logo, arrumei suas malas e me libertei da sua presença. No dia seguinte, logo pela manhã, seus objetos pessoais me incomodavam tanto que a cada coisa que eu via era como se abrisse um pouco mais aquela ferida deixada por nossa história desgastada. Coisas que no cotidiano eram imperceptíveis pareciam me perseguir a todo instante. Um simples porta lápis, o chaveiro da caixa de correios trazido de uma viagem que você fez, sua xícara de café personalizada, enfim, tudo te trazia de volta pra dentro de casa. Tratei de encaixotar tudo. É assustadora a quantidade de coisas suas na minha casa. Acho que posso dizer que a metade dos trecos que compõem a decoração são seus. Mas assustador mesmo foi me dar conta que a revista que você é assinante tem o meu endereço de entrega. Você não mantinha algumas coisas aqui pra facilitar a questão de passar o final de semana comigo. Mas você morava aqui e mantinha uma outra casa pra facilitar a questão de formalizar uma vida conjugal. Depois de quase tudo nas caixas, eu já meio que anestesiada da raiva que suas coisas me despertava, cheguei a dar risada lembrando das circunstâncias de cada objeto. Sim, é verdade que não podemos dizer que fomos infelizes juntos. Coloquei tudo no carro e o porteiro do seu prédio ainda me permite entrar sem ser identificada. Com a chave do seu apartamento nas mãos, prefiro tocar a campainha. Não sei se por medo de ser invasiva ou por medo de ver algo que não estava preparada. Você reage com surpresa por eu não ter entrado como de costume. Até que percebe o que há dentro da caixa que carrego e me parte o coração ver seus olhos lacrimejados. E você coça a cabeça daquele seu jeito como quem diz "que merda" e me ajuda com o peso. Só tive palavras pra dizer que ainda tinham mais duas caixas no carro. Nunca foi tão difícil respirar. Que situação mais estranha. Trocamos palavras como dois desconhecidos e nada de beijo, nada de abraço, nada. A casa vazia me torturava e nossos retratos pelos móveis e paredes eram minha companhia. Logo eu, que dei o primeiro passo pra tirar você de vez da minha vida, fico horas vendo o que sobrou de nós dois. É um apego quase infantil, como aquelas crianças que só dormem com um bichinho de pelúcia do lado ou com algum lencinho nas mãos. A tua falta dói, e choro baixinho num canto qualquer como se me escondesse pra que ninguém me ouça ou me veja. Escondo-me de vergonha mesmo. Fui eu quem decidiu o fim, quem tomou a iniciativa de abrir mão de tudo por conta de alguma coisa que não andava bem. E pra falar a verdade, eu nem lembro mais o que me motivou a tomar essa atitude. Muitos dizem que estou assim por causa dessas fotos que ainda estão espalhadas pela casa, que elas agem como fantasmas que assombram a todo o momento. E dizem que a melhor solução é queimar tudo, porque guardá-las seria como deixar a poeira embaixo do tapete. Confesso que juntei boa parte delas, peguei o isqueiro, mas faltou coragem. E sinceramente, não acredito que o simples fato de queimar tudo vá fazer com que eu esqueça o que foi vivido e preencha esse vazio que a sua ausência deixou. Pego o telefone e ligo pra saber com você está e com a desculpa mais esfarrapada de contar um sonho que tive. Falo o quanto a sua falta me desestabiliza, o quanto fico perdida e que a saudade causa a dor mais angustiante que alguém pode sentir. Que ver nossos retratos me fez enxergar o quanto os pequenos detalhes eram maiores. E perceber que talvez eu ainda queira, ainda sinta, talvez eu ainda te ame.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Quando a saudade vem

Da janela, vejo que lá fora tudo continua igual. O movimento das pessoas para todos os lados, as luzes que acendem e apagam, o Sol que às vezes amanhece e às vezes não, a chuva que vez ou outra aborrece. Na minha casa, é cada vez menor o fluxo de gente. É que talvez eu esteja fazendo mais questão daquilo que seja realmente valioso, talvez as pessoas estejam ficando cada dia mais sem verdade, ou vai ver eu fiquei mais chata que o habitual. Dentro de mim, é a saudade que impera. Sinto falta daquela troca de olhar cheio de cumplicidade que dispensa qualquer mínima palavra, sinto falta das cantorias pela estrada na volta de alguma viagem e também das receitas super elaboradas de macarrão instantâneo que a gente inventava. Porque junto com isso, é desesperador estar de "TPM" e não ter você aqui pra eu poder cair no choro sem nenhum motivo aparente e você saber exatamente todos os motivos das minhas lágrimas. E se eu estiver insegura, com medo, não ter aquele abraço encorajador faz uma falta tremenda. Sei que todo mundo tem dias ruins, mas ter uma casa pra ir, onde você consegue respirar mais sereno é o que faz a diferença. Porque saudade é isso, um sentimento corrosivo e doloroso que te afasta de tudo que é superficial até que você se acolha dentro de si e rebusque a tua essência.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Entre idas e vindas

Que poder esse seu de despertar raiva e desejo! Eu odeio com todas as minhas forças essa sua mania de fingir que não me conhece na frente de algumas pessoas. Mas amo loucamente quando destraída, você se aproxima por trás, me abraça a cintura e dá aquele beijinho atrás da orelha que me arrepia inteira. Sua forma estranha de se ausentar, seu perfil racional nas questões emocionais, a frieza com que você encara as dores do mundo, isso tudo me deixa meio perdida, me fogem os argumentos e até prefiro me afastar. Entretanto, é na delicadeza que você toca meu rosto, na forma sutil e desastrada que você me critica, naquele jeito deliciosamente lindo que você morde os lábios e pisca os olhos quando ouve uma música que te faz lembrar alguma coisa e na sua voz rouca que me estremessem até as visceras. É exatamente nisso que me encontro. Na sua capacidade de me fazer sorrir o sorriso mais aberto. E alí, eu viveria leve feito bola de sabão. Mas quando tudo parece entrar nos eixos, sabe lá porquê, você faz questão de mostrar que nem tudo são flores. E a vida sem você não é tão mau. É só me acostumar mais uma vez ficar sem aquilo tudo que me faz sentir a mulher mais sensacional que um homem pode ter ao seu lado. Acredite, é bem mais simples que te amar. E pra ser mais franca, o preço que se paga é sem dúvidas menor que comprar uma história sem profunda entrega. E me contento com pedaços de amor que acontece todas as vezes que a gente se encontra. E mesmo que você finja que nada aconteceu, que se comporte como se não soubesse os motivos que te fez ir embora, eu te recebo desarmada. Porque sentir que não me esqueceu é quase a mesma sensação que sentir vestígios do seu cheiro em algum canto da casa quando a saudade aperta o peito. O melhor disso é que nunca tem um fim. É uma história escrita em diversos volumes como aqueles filmes que terminam sem final feliz, mas que as reticências sempre nos permite uma nova oportunidade. E assim a gente vai montando esse nosso quebra-cabeça ilimitado de idas e vindas. Porque eu odeio com todas as minhas forças essa sua insistência em manter certas aparências, mas amo loucamente esse cabelo raspado que te deixa com ar de durão misturado com esse sorriso canto de boca que tem sabor de menino.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Pegadas firmes

Coisa mais triste é quem passa despercebido por onde anda. Sim, eu tenho dificuldade pra entender as razões de quem prefere a suposta situação confortável de estar inotável. Não, eu não tenho tamanha frieza pra passar por essa vida sem expressar minhas emoções. E mesmo sabendo que elas são um tanto exageradas, eu prefiro sentí-las. Sim, eu tenho medo de errar, de ferir e de me arrepender. Insegurança acontece. Eu só não aceito que me impeça. E talvez seja por isso que eu crave minhas pegadas com firmeza nos caminhos que eu percorro. E se por acaso erros sejam cometidos, que a culpa seja minha. Mas quando houver acertos, o mérito será meu. Eu piso firme e com coragem porque não quero a tristeza de um ser despercebido.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Teus desencantos

De forma estranha, pela primeira vez depois de muito tempo, te vi despida dos olhos repletos de tolerância. Sem aquele ar de romance idealista você fica bem sem graça. E pela primeira vez na vida a sua presença não me deixou com vontade de te abraçar a noite inteira. Pela primeira vez, a despedida não me deixou com aquele sorriso amarelo de felicidade passageira.Voltando pra casa, ouvindo todas aquelas músicas que tocam no meu carro para propositalmente te trazer pra mais perto de mim, nada aconteceu. Nem o nó na garganta, nem as borboletas no estômago, nada. E olha que eu até fiz força pra rebuscar todo aquele encantamento. Mas de fato, o príncipe virou sapo. Cate suas migalhas, querido. A mocinha que te idolatrava estava só de passagem.

domingo, 19 de agosto de 2012

Desprender-me-ei

Tanta gente ao seu redor, tanta gente lhe sorrindo. Quantos realmente fazem o diferencial? Quantos deles estão de fato compartilhando das suas alegrias? Outro dia perguntaram-me porque andava sumida. Não soube responder, mas pensando bem a respeito, quase que intuitamente eu simplesmente me libertei de correntes que impediam certos progressos. Porque é exatamente isso que acontece quando há proximidade com o que não vibra ao seu favor. E pra falar a verdade, não é sofrido deixar pelo caminho o que absorve do seu melhor e sem a menor cerimônia te faz de descartável com a maior facilidade. O que realmente é válido e construtivo te enche o coração de vida e não sobra espaço pra certas fragilidades. Só quero comigo o que puder compartilhar de toda transparência e que sem obrigações de gentilezas, eu possa oferecer o melhor do companheirismo. Livra-te do que não muda a tua existência e serás intensamente vivo de alegria. Desprendimentos são necessários. Porque ser seletivo com quem você permite entrar na sua vida é a grande questão. A gente sempre acaba carregando um pouco das pessoas e doando um pouco de nós.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Anseios

É que lá no fundo, anseio por calor. Não nego que seja divertido cantar, dançar, sorrir e ter com quem jogar conversa fora. Não escondo que seja bom certos relacionamentos casuais. Só que isso tudo passa e tem horas que ainda aumenta a solidão. Então, pela manhã, abro a janela do quarto e deixo o sol me aquecer o corpo enquanto em orações aqueço o coração. Em busca de uma história real e que faça sentido encontro sempre algo mais vazio. Quero alguém que seja grande, que tenha um caminho e que entenda que a felicidade é compartilhada. É preciso que fale de Deus, que tenha princípios e que transmita confiança. Pode parecer tolice ou até mesmo muita exigência. É que lá no fundo, anseio por amor.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O inesperado

É que sempre acontece quando a gente não espera.E eu caí em todas as armadilhas, fiquei presa de todos os lados, sem chance de salvação.Eu simplesmente adoro esse seu jeitinho de falar baixo, mas com a voz grave; seu toque delicado, mas com firmeza; sua energia leve que me faz querer ficar perto e esse seu jeito de sorrir mais com os olhos que com os dentes me derrete por inteira.É uma fraqueza completa. Me tira todas as resistências e transmite tamanha confiança que eu não faço questão de lutar contra.Sem pressa, sem exigências me permito embarcar.Nunca foi tão fácil, tão doce, tão simples, tão de verdade.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Encontros e despedidas

Por mais que todos digam que fomos feitos um para o outro, a gente sempre encontra um argumento para negar. Sim, você é a pessoa que mais eleva o meu estado de euforia. Mas também é quem mais me irrita com tantas manias. Não, não passarei a mão na sua cabeça a cada burrada que você faça. Mas nem por isso deixarei de ser quem vai segurar a sua mão nos momentos mais difíceis. E assim a gente vai levando: Da maneira que podemos, conforme é possível e quando houver desejo. É um ciclo interminável. A gente vai se encontrando e se despedindo. Em cada encontro, uma determinação de limites. Em cada despedida, uma desculpa para um reencontro.

sábado, 16 de junho de 2012

Pode me chamar de Fogo

Tem dia que a gente se sente a mulher mais poderosa da face da Terra, que nenhuma vibração negativa nos abala. Hoje é meu dia. Meu cabelo ta perfeito, to gostando do formato do meu corpo e o meu perfume tá exótico. Seria até pecado ficar em casa numa situação dessas. O convite caiu como uma luva. O vestido ta colado, a maquiagem provocante e o salto um arraso. Tô afim de conquistar, de tirar você do sério.Ofereceu uma bebida só pra saber do meu segredo. Eu aceito a gentileza, mas não precisa tanto esforço. Deixe a música te envolver, o seu corpo perceber que aqui só tem eu e vovê. Vem dançar junto comigo que uma noite é muito pouco. É que eu mudei de nome: Pode me chamar de Fogo.

domingo, 11 de março de 2012

Envolver-se


Não aja como quem esteja à milhas e milhas de distância.Permita-se e não faça desse momento uma mera expressão da carne.Olhe nos meus olhos e beije-me com toda vontade que estiver.Eu não vou me importar caso você apareça mais frágil do que costuma mostrar.É que depois de toda a nossa euforia, eu vou adorar se você se aproximar e quem sabe até acariciar meus cabelos.E nessa hora, a gente pode falar o que quiser, qualquer bobagem ou assunto sério que seja, mas de maneira alguma silenciar.Não faça essa pose de durão, de quem pouco sente.Algo aí nas suas palavras não se enquadra no que dizem seus olhos.Tem um quê de medo e um detalhe de segredo que não consigo desvendar.Não me mostre barreiras nem limites.Entenda que mesmo que não saia como o combinado, envolver-se não é pecado e nesse caso, tudo é perdoado.

sábado, 3 de março de 2012

Celebrar


Como há muito não me via, como eu nem lembrava que poderia.Não sei em que momento deixei de ter pressa, de viver uma eterna procura por aquilo que eu
nem sei o que é exatamente.E isso não se deu por uma decisão minha, simplesmente aconteceu.E foi tudo em passos tão minuciosos que a transição é imperceptível.Não mais sentir aquela angústia, não correr contra o tempo, não mais ofegante, apenas respirar.Claro que não foi fácil, foram tempos realmente difíceis, mas parei de me cobrar do que não é de minha responsabilidade.É como dizer um basta e exercitar a lei da sobrevivência:Só por hoje não chorar, só por hoje me perdoar.É impossível ter o controle de tudo.E eu descobri o grande prazer de acordar e celebrar o sol todas as manhãs.Porque por mais que o dia não seja de muitos sorrisos, o amanhã sempre será uma nova chance.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Banco da praça


É quando os dias dentro de mim passam nublados e a tempestade de sentimentos toma uma proporção bem maior do que a realidade.O frio nos deixa muito íntimos de nós mesmos, passamos mais tempo em casa, agasalhados, fechados é a palavra.O companheiro mais frequente e animador é um chocolate quente no meio da noite.São momentos em que reviramos tudo, deixamos as coisas meio bagunçadas, como se aquela bagunça aquecesse um pouco a alma.E por algum instante, aquece mesmo.Só que sutilmente, essa desorganização vai me deixando ainda mais trancada.Ninguém quer receber visitas com a casa fora de ordem, ninguém consegue amar com o coração estraçalhado.As coisas precisam estar no seu devido lugar.Mas organizar-se dá trabalho.Fácil mesmo é mergulhar na desordem.E assim, vou tomando um papel invisível.Isolada na bagunça que fiz, fui esquecida completamente, apagada do mapa.Não sinto falta de muita coisa, menos ainda de muita gente, mas as vezes eu só preciso falar e que alguém ouça o que eu tenho a dizer.Não precisa concordar nem discordar, mas saber que alguém ainda me reserva um pouco do tempo que tem pra dar atenção às coisas que passam comigo.Isso sim é sem dúvidas mais animador que qualquer chocolate quente.Eu me tornei o banco da praça em noite de nevasca que as pessoas passam apressadas em busca daquilo que lhes aquece.Tudo se movimenta e eu continuo alí, estática, imperceptível.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Você por perto


Quero te manter por perto sempre que possível e quando necessário.De um jeito único, me faz experimentartar o gosto bom de respirar, me transporta pra um lugar longe daqui, onde me perdi e nunca mais soube voltar.Fui deixando meus pedaços pelo meio do caminho e hoje sobrevivo com o que sobrou.Não sei se por conta desses olhos cheios de ternura ou se pelo coração repleto de inocência, mas ter você por perto faz de mim mais completa, mais original.Parece maluquice, mas a verdade é que tenho saudade de mim mesma e com um simples telefonema ou uma mensagem sms dessas bem vagabundas de frases feitas, você me faz matar um poquinho dessa falta que tenho de mim.E essa vontade de viver sem desperdiçar qualquer segundo é o que há de mais encantador.Já não tenho o mesmo fôlego de antes, mas se tiver um pouquinho de paciência, eu juro que acompanho esse rítmo frenético de viver.Não que seja cansativo, porque é de uma tremenda leveza encarar as coisas dessa maneira.A gente não tem tempo pra ficar revirando mágoas, a gente cura de uma vez.É só falta de costume mesmo.Mas como a vida nos distancia daquilo somos e a gente vive buscando resgatar as coisas bonitas que deixamos para trás, te peço pra ficar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A melhor hora do dia


Pode o tempo passar, as circunstâncias nos afastar, mas o universo sempre tem algo a nos reservar.Há sempre um pedacinho dessa história pra viver.Eu não aprendi a te resistir e a cada vacilo seu, um pedido de desculpas com essa voz rouca que me enlouquece, é o suficiente para quebrar qualquer armadura que eu tenha vestido só pra te encarar.E olha que ninguém derruba minha pose assim tão fácil.Mas você conhece todos os meus caminhos e sempre pega o atalho certo, excluindo assim, qualquer perda de tempo com discussões tolas e sem sentido.Você sabe bem do meu gosto por argumentar.Chego a falar por você e por mim.Mas é impossível não desculpar quem me faz tão bem, que me traz as alegrias mais inesperadas.É quando você pede para que a gente fique em casa arriscando alguma receita na cozinha, quando assistimos àqueles filmes cheios de monstros mutantes que eu não entendo nada mas acho graça dos seus olhinhos atentos como se assistice à um dígno de oscar.É quando chega aborrecido do trabalho e pede um cafuné depois do banho e adormece no meu colo.Essa é a melhor hora do dia.Quando as luzes apagadas iluminam o que há de mais bonito nessa vida: o amor.Respirações sincronizadas e corpos abraçados.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Depois de tudo, renascer


Depois de tudo, fui capaz de te encarar de frente.Nem com armadura, nem em feridas expostas, de frente mesmo.Com a cara limpa.E já não era sem tempo.Mas confeço que pra mim, foi como um suspiro de alívio.Todo aquele peso que essa história castigava meus ombros, de repente não é tão torturante assim.E mesmo bem antes disso eu já ter decidido seguir em frente, poder olhar pra trás e permanecer tranquila e serena faz toda a diferença.É que seguir em frente não significa superação.Poder olhar para o passado sem que isso impeça o futuro e ter a capacidade de enxergar com carinho as coisas boas vividas e até chegar a sentir uma saudade, mas uma saudade sem aquela vontade de voltar, apenas carinho e respeito pelo que fez parte da minha história.Olhar para o passado e ter a dignidade de assumir os erros, que neste caso não foram poucos, e amadurecer com eles, e ver que também foram fundamentais para que eu me tornasse quem sou hoje, isso sim é o que faz valer a pena.Não importa se deu certo, se deu errado.Até porque, isso é apenas uma questão de ponto de referência.É uma infinita variável.O barato disso tudo é que sempre vai ter um motivo que faz a gente valorizar cada pedacinho da nossa trajetória.Aquilo que foi bom a gente agradece a Deus e vê o quão é maravilhoso por proporcionar tamanha alegria.Já o que foi difícil, triste, a gente vê que Deus nunca nos abandona e de repente, você é um sobrevivente.E pouco a pouco, tudo volta ao seu lugar, a escuridão começa a clarear.É como se a cada inspiração, um pedaço de você voltasse a viver.